Narrativas de fatos quotidianos, de pessoas reais, em linguagem de fácil leitura, acessível a todos os leitores, com alguns nomes trocados. Acontecimentos nas vizinhanças, dentro de casa, no consultório e no ambiente de trabalho.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Condomínio: Delírios de uns e de outros
Delírios de uns e de outros
Sexta-feira fui ao apto de Sílvia perguntar se conhece algum pintor para a portaria deles. Expliquei que vou fazer o orçamento e conversar com cada morador para ver se concordam
- Processo? Que processo? Vou tirar isso a limpo – falei.
- Não entendi bem, não quis entrar em detalhes, ela respondeu.
- Fala com ela que não estamos fugindo, que Geraldo quer ir para Matipó para se candidatar a vereador.
Cheguei em casa e falei com Geraldo que somos fugitivos. Ele deu uma gargalhada. Falei que se houver algum processo contra mim, preciso saber disso e ele respondeu que se houvesse eu saberia...
- Meu nome é limpo. Não tenho nem multa no Detran – falei.
- Deve ser porque você não dirige mais - ele explicou e nós dois rimos.
Achei muito estranho, quando voltei de Matipó, cada pessoa que eu encontrava me perguntava:
- Está tudo bem com você?
- Agora me lembro, todos me fizeram a mesma pergunta, ele disse, também achei esquisito. Deve estar rolando alguma fofoca por aí, nesse sentido.
Dormi mal aquela noite, preocupada com o tal processo. De manhã fui ao 3º andar conversar com a faxineira do prédio, Aninha, porta-voz dos acontecimentos daqui, que passa as noites com outra vizinha, que teve um AVC. Ficamos conversando no corredor, perguntei se ela sabia alguma coisa sobre O PROCESSO e ela disse que devia ser invenção de Jô, filho da Olga.
- Deve ser aquele negócio da grade ao redor do condomínio, que você quer colocar e aquela família é contra. Eles devem estar achando que a reunião de condomínio não deu em nada.
-Mas eu fiz uma circular para os três prédios, explicando que estávamos de férias, íamos viajar e não tínhamos mais arquiteto para o projeto, falei.
- Eles devem ter entendido de outro jeito.
Nesse momento chegou Carlos, filho da senhora doente, para assumir seu posto junto à mãe. Ao nos ver ali, perguntou se havia acontecido algo com sua mãe.
- Ela está bem, respondi, os problemas são do condomínio.
- Ela estava falando, hoje para eu abrir a janela para o passarinho sair - disse Aninha
Ela costuma delirar, à noite, diz que o marido, falecido há mais de quarenta anos, quer dormir com ela. Aninha abriu a porta, fez uma exclamação de espanto e chamou o rapaz:
- Carlos, vem ver!
Um pardal voava na sala, batendo na janela de vidro, querendo sair...
Marina
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