Narrativas de fatos quotidianos, de pessoas reais, em linguagem de fácil leitura, acessível a todos os leitores, com alguns nomes trocados. Acontecimentos nas vizinhanças, dentro de casa, no consultório e no ambiente de trabalho.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Limites são necessários
Limites são necessários
Uma vez recebi, no meu consultório, uma senhora de mais de setenta anos de idade, casada recentemente, que falou em se divorciar do marido por causa da enteada. Todos tremiam de medo da moça e jamais discutiam o que ela determinasse. Já havia saído da casa, tinha seu próprio apartamento, mas ainda tinha um quarto separado na casa do pai e da minha cliente e continuava manobrando as coisas lá. Metade do guarda-roupa do casal era ocupado por roupas da moça, uma tv que não podia ser ligada – porque pertencia a ela, ficava ocupando espaço no quarto do casal e ia por aí afora.
Escutei a história pacientemente e fiz a seguinte pergunta:
- Quais são os seus direitos? Se você fosse apenas companheira dele, se apenas morassem juntos, você já teria seus direitos. Mas você é casada com ele, o que significa que seus direitos são ainda maiores. Quais são os seus direitos?
Não me lembro da resposta. Ela foi para casa e depois me telefonou, dizendo o que havia feito: retirou as roupas da moça do guarda-roupa do casal e colocou no quarto dela, arrumadinhas. Fez o mesmo com a tv: colocou no quarto da moça, em cima de um móvel. O marido ficou chocadíssimo: - Você vai mexer nas coisas da Fulana? – perguntou. Ela fez isso e resolveu o problema: recebeu alta na psicoterapia.
Algumas pessoas são manipuladoras e gostam de colocar outras em cordinhas e fazê-las dançar. Se a vítima cai no jogo do manipulador, acaba adoecendo ou cedendo seu espaço para ele.
Se o manipulador não aceita palavras, não obedece, se aparece quando recebeu a recomendação de não vir porque a casa não está em condições de receber visitas e a pessoa insiste com sua presença, o que fazer?
1) Tratar a pessoa bem: oferecer algum conforto, dentro dos limites, evitando desarmonia.
2) Continuar com a vida normal, como se a pessoa não estivesse ali. Seguir a programação anterior, sem facilitar a vida dela; se não faz almoço em casa, continuar a não fazer. Se sai em determinados horários, continuar a sair, se chega no horário x, continuar a rotina habitual.
3) Se não é possível fechar a porta de entrada da casa, é possível fechar outras portas: o seu espaço não precisa ser invadido nem desrespeitado. Seu quarto, por exemplo, é íntimo seu, outros espaços da casa, que você não gosta que outros entrem ou mexam, idem. Se palavras não funcionam, existem chaves e chaveiros. O chaveiro pode ser chamado, a chave colocada, sem nenhuma explicação. É o seu direito.
A harmonia familiar é o mais importante a ser preservado e respeitado.
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