Condomínio: O samba do crioulo doido
Narrativas de fatos quotidianos, de pessoas reais, em linguagem de fácil leitura, acessível a todos os leitores, com alguns nomes trocados. Acontecimentos nas vizinhanças, dentro de casa, no consultório e no ambiente de trabalho.
sábado, 22 de setembro de 2012
Condomínio: O samba do crioulo doido
Olga, mais uma vez, insistiu na idéia de ser minha patroa, gratuitamente. Tudo tem de ser urgente: pediu (pedir, no caso dela é eufemismo) a retirada de uma bauhinea, ou pata de vaca, imensa, plantada no declive do terreno ao lado de seu apto. O detalhe é que foi plantada pela sua família e estava quebrando a lateral do passeio ao redor do prédio. Concordei que era perigosa (a árvore), porque vi o estrago que a árvore da Rua Bernardo Mascarenhas causou, meses atrás, na fiação elétrica e no calçamento, quando caiu. Seu filho Arquibaldo me deu o endereço da Prefeitura (por sinal, errado, eu já tinha conseguido o certo) Trabalho de parceria, né? OK.
1) recolhi a papelada
2) fui à prefeitura
3) o "homem da prefeitura" veio aqui fazer a vistoria
5) tirei xerox do laudo, mandei aumentar as letras e preguei em todas as portarias
6) chamei um bombeiro (do Corpo de Bombeiros) para o orçamento.
7) Arquibaldo disse que pensou que o bombeiro era hidráulico (só eles são espertos) e chamou outro homem.
8) fui com ele e o outro homem, com o laudo da prefeitura vistoriar o terreno. Política e trabalho de equipe, né?
9) o bombeiro "ganhou" o trabalho
Redigi um termo de responsabilidade que ele assinou. Já tive de levar o jardineiro ao Centro Oftalmológico, depois de um acidente com leite de planta que espirrou no olho dele, paguei consulta cara e não queria repetir a dose.
Tudo calmo NA MINHA PRESENÇA. Depois soube que era só eu sair que o irmão encrenqueiro do Arquibaldo, Jô, ia, com mais um irmão intimar os trabalhadores a não cortar as árvores.
- Está na lista - o bombeiro menorzinho respondia, rindo (ele tem bom humor) do alto das árvores e continuava seu serviço.
- ESTÁ SATISFEITA?! Não entendi nada. Alguém entendeu?
Os moradores que insistiram para que o serviço fosse feito, tentaram boicotar o trabalho... OK, respondi. As três árvores condenadas e perigosas já haviam sido suprimidas. O que não estava na lista não foi feito. Há um abacateiro que passou de liso; qualquer dia ele pode cair com as ventanias daqui, mas tudo bem.
Resumindo: mais uma vez atendi as reclamações da família da Olga (porque concordei com o perigo da árvore) e mais uma vez recebi a faixa de VILÃ. Eu gostaria de dizer que agora, com tanta psicologia na cabeça, consigo rir do ABSURDO DA SITUAÇÃO, mas não é verdade. Não achei graça nenhuma.
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