quinta-feira, 18 de julho de 2013

Faltou uma fitinha colorida

Faltou uma fitinha colorida

         De uns tempos para cá tem acontecido um comportamento esquisito por parte de alguns taxistas.  Vendi meu carro há alguns anos atrás e passei a andar de táxi, por ser mais econômico e não ter de procurar vaga para estacionar. Tenho carteira de motorista, conheço bem as leis de trânsito. As professoras do pré-primário colocavam uma fitinha colorida no braço das crianças para elas aprenderem a distinguir a mão esquerda da direita. Parece que alguns taxistas estão precisando usar a fitinha...
         Da primeira vez peguei um táxi com minha irmã e falei, logo que entramos na rua, para o motorista parar à esquerda no final do quarteirão. Ele parou do lado direito. Voltei a dizer que era para ele parar à esquerda, para podermos descer sem atravessar a rua
         -Não posso parar ali porque tem um caminhão fazendo manobra, ele disse.
     -Pedi desde a entrada da rua para parar à esquerda, falei, mas descemos do carro e atravessamos a rua, para não render assunto.
         Esta semana a coisa se repetiu.
         Peguei um táxi em uma rua movimentada. Fui indicando o caminho.
      - Agora o senhor, por favor, entre à esquerda e pare no segundo quarteirão, também do lado esquerdo.
       Ele entrou à esquerda, mas em frente ao meu prédio, parou do lado direito da rua.
         - É para parar do lado esquerdo, repeti.
         - O certo é parar do lado direito, ele disse, que tem calçada.
         - Do lado esquerdo também tem calçada, respondi.
         - É errado parar do lado esquerdo, ele insistiu.     
        - Que bobagem! - minha paciência estava se abalando, mas minha voz continuava calma.
      - É mais seguro parar no lado direito, para a senhora descer na calçada.
          Acho que ele estava meio ruim das vistas...
         - Mais seguro, como? Se o senhor parar do lado direito eu vou ter de atravessar esta rua movimentada, sem sinal. Do lado esquerdo estou no jardim do meu prédio. 
         Devia ser mais seguro para ele e seu carro, não para o passageiro.
         A argumentação dele não se esgotava e ele repetia o mesmo, como um disco de vinil rachado.
       - Moro aqui há mais de quarenta anos e todos os táxis param em frente à minha porta, falei. 
         Finalmente ele parou do lado esquerdo, em frente ao prédio abaixo do meu. Paguei, entrei no jardim ainda sem entender a lógica da coisa.  
         Se a rua fosse de mão dupla, ele teria razão, mas a rua é de mão única: todos os carros se movimentam na mesma direção.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Hierarquia animal e humana

             Hierarquia animal e humana
               Liguei a tv e assisti a um ataque de canguru a um homem. O homem, juntamente com outros membros da família, estava entre os cangurus distribuindo pedaços de pão com os bichos. Ao seu lado o filho, de aproximadamente sete anos de idade. De repente, sem mais nem menos, um canguru que observava tudo, atrás de outro, pula sobre o homem atacando-o. O vídeo se repetiu algumas vezes e pude entender o motivo do ataque.
             Desrespeito à hierarquia.
             Acredito que o que é do mundo animal é do nosso mundo. Explicando: as naturezas são iguais ou semelhantes. Puro instinto. O motivo das desavenças são o desrespeito à hierarquia. No caso do vídeo o homem alimentava o canguru menor e mais novo. O ataque foi efetuado por um canguru maior e mais velho. Pela hierarquia, o mais velho deveria ter recebido o alimento antes do mais novo. Se o homem conhecesse esta regra,  não haveria nenhum conflito e ele poderia ter alimentado os cangurus tranquilamente e passado um dia agradável ao lado do filho e dos outros membros de sua família. 
             O desconhecimento causou enorme prejuízo: um rosto cortado do queixo à testa e outros estragos na perna e adjacências, que não puderam ser mostradas na tv.
          Aconteceu o mesmo quando um casal de idosos, que criava um chimpanzé, entregou o animal a um zoológico. Em uma visita, o casal alimentou o chimpanzé quando o homem foi atacado por outro que quase o matou. O motivo? Desrespeito à hierarquia. O chimpanzé que atacou o idoso pertencia a uma classe mais dominante que o animal de estimação criado por ele. Os tais de alfa, beta e delta. Os mais fortes, mais inteligentes, os macacos alfa, são respeitados pelo bando e se alimentam em primeiro lugar. Depois disso, os beta e delta podem se alimentar tranquilamente. O casal de idosos desconhecia esta regra e o marido sofreu, quase pagando pela vida, pela falta de informação.
                 A regra se repete nas brigas dos animais domésticos. O gato antigo da casa, que agride o novato, o cão mais velho que brinca com o cachorrinho recém chegado mas, que o mata quando o dono joga um pedaço de carne para o pequenino.
               O mesmo acontece entre os humanos. Quando os filhos começam a ditar ordens na casa, principalmente na adolescência, regidos pelos hormônios e os pais se submetem, com medo de perder o amor dos filhos. A hierarquia é desobedecida e a infelicidade se instala, para todos, inclusive para os que tomaram as rédeas da casa. O adolescente, apesar do comportamento autoritário, se torna desamparado e perdido, porque ele precisa sentir que os pais são mais fortes do que ele e tem poder para ampará-lo e conduzi-lo. 

                  Os pais tem o direito de exigir que os filhos cumpram as regras da casa. Não é  bom que os pais se sintam mal dentro do lar que construíram, por causa da interferência e exigência dos filhos adolescentes. O risco de perder o amor dos filhos, não acontece. Ao contrário, quando aprenderem a fazer isso, ganham algo além do amor: respeito.