Faltou uma fitinha
colorida
De uns tempos para cá tem acontecido um
comportamento esquisito por parte de alguns taxistas. Vendi meu carro há
alguns anos atrás e passei a andar de táxi, por ser mais econômico e não ter de
procurar vaga para estacionar. Tenho carteira de motorista, conheço bem as leis
de trânsito. As professoras do pré-primário colocavam uma fitinha colorida no braço das crianças para
elas aprenderem a distinguir a mão esquerda da direita. Parece que alguns taxistas estão precisando usar a fitinha...
Da primeira vez peguei um táxi com
minha irmã e falei, logo que entramos na rua, para o motorista parar à esquerda
no final do quarteirão. Ele parou do lado direito. Voltei a dizer que era para
ele parar à esquerda, para podermos descer sem atravessar a rua
-Não posso parar ali porque tem um
caminhão fazendo manobra, ele disse.
-Pedi desde a entrada da rua para parar
à esquerda, falei, mas descemos do carro e atravessamos a rua, para não render
assunto.
Esta semana a coisa se repetiu.
Peguei um táxi em uma rua movimentada.
Fui indicando o caminho.
- Agora o senhor, por favor, entre à
esquerda e pare no segundo quarteirão, também do lado esquerdo.
Ele entrou à esquerda, mas em frente ao
meu prédio, parou do lado direito da rua.
- É para parar do lado esquerdo,
repeti.
- O certo é parar do lado direito, ele
disse, que tem calçada.
- Do lado esquerdo também tem calçada,
respondi.
- É errado parar do lado esquerdo, ele
insistiu.
- Que bobagem! - minha paciência estava
se abalando, mas minha voz continuava calma.
- É mais seguro parar no lado direito,
para a senhora descer na calçada.
Acho que ele estava meio ruim das vistas...
- Mais seguro, como? Se o senhor parar
do lado direito eu vou ter de atravessar esta rua movimentada, sem sinal. Do
lado esquerdo estou no jardim do meu prédio.
Devia ser mais seguro para ele e seu
carro, não para o passageiro.
A argumentação dele não se esgotava e ele
repetia o mesmo, como um disco de vinil rachado.
- Moro aqui há mais de quarenta anos e
todos os táxis param em frente à minha porta, falei.
Finalmente ele parou do lado esquerdo,
em frente ao prédio abaixo do meu. Paguei, entrei no jardim ainda sem entender
a lógica da coisa.
Se a rua fosse de mão dupla, ele teria
razão, mas a rua é de mão única: todos os carros se movimentam na mesma
direção.