Dia dos Pais Tumultuado
Dia dos Pais Tumultuado
Meu
marido me ligou do trabalho dizendo que seus filhos queriam lhe dar um
presente: uma entrada no Mineirão para o jogo do Cruzeiro e se eu queria ir,
para eles comprarem a entrada. Falei sim, embora não entenda o que seja gostar
de futebol. Assisto um ou outro jogo na TV quando se trata de jogo do Brasil,
Campeonato Mundial, mas dispenso os demais.
-
Todos vão caber no carro? – perguntei.
-
Sim, são dois carros, vai dar para levar todos – ele respondeu.
Domingo,
dia dos pais, enviei uma mensagem via celular ao meu enteado Phillipe, dizendo
que queria pagar minha entrada já que o dia era dos pais (e não das madrastas)
O
celular começou a tocar e parou antes que eu pudesse atender. Olhei o número:
desconhecido. Voltou a tocar e desligar. Quando tocou a quarta vez, e
irritantemente desligou, apertei o botão de desligar do celular e resolvi o
problema. Silêncio. Nesse meio tempo Phillipe já havia acordado e me enviado
sua resposta, que desconheço até hoje, já que o celular estava desligado e a
mensagem não chegou.
Meu
marido, Geraldo, ligou a TV. Perguntei por que não começava a cozinhar a carne
para eu poder fazer o molho à bolonhesa e começar a armar a lasanha, já que
Camilla, filha dele, havia dito que queria almoçar cedo. Ele foi para a cozinha
quinze minutos depois.
O
gás acabou.
Não
tenho bujão de reserva porque me recuso a trocar o referido objeto no fogão,
por ter recebido um jato de gás gelado nos braços quando tentei fazer isso a
primeira vez. Prefiro que o “homem do gás” faça isso. É muito prático: ele traz
o bujão e já faz a troca diretamente no fogão e todos ficam felizes.
Geraldo
saiu contrariado e foi para o jardim esperar a chegada do caminhão do gás. Geralmente ele chega em trinta minutos, mas
o tempo foi passando e... nada. Voltou para o apartamento e tornou a ligar.
O
caminhão do gás quebrou.
Peguei
meu fogareiro elétrico e continuei a cozinhar a carne moída nele. Quando o
“homem do gás” chegou, uma hora e meia depois de ter sido chamado, a carne já
estava pronta. Preparei o molho, armei a lasanha e coloquei no forno elétrico,
enquanto Geraldo preparava os outros pratos no fogão.
Phillipe
havia chegado juntamente com o gás. Chegou de ônibus, sem o carro.
Resolvemos
não esperar, já que o almoço saiu bem mais tarde que o planejado. Preparamos a
mesa e nos sentamos. O celular tocou: era Camilla, dizendo que não vinha
almoçar e que todos se encontrariam no Mineirão.
O
carro do namorado quebrou.
Geraldo
se aborreceu, novamente, porque teríamos de ir de ônibus. Ele estava preocupado
com meu joelho, que havia dado trabalho durante muitos meses, eu havia passado
por várias sessões de fisioterapia e estava em recuperação.
-
Pode ir, Geraldo, falei, eu fico.
Para
falar a verdade, eu não tinha nenhuma vontade de ir e foi com alívio que recebi
a notícia da falta dos dois carros. A família é fanática por futebol e não
gosto de ser desmancha-prazer.
Acabado
o almoço, preparado para oito pessoas e
com o comparecimento de três, pai e filho saíram, entusiasmados, para o futebol.
Lavei
os pratos, arrumei a cozinha e... cai na cama. Dormi durante uma hora e meia.
Resolvi
ir à missa.
A
missa daria outra crônica. Comemoração do dia dos pais, parabéns, palmas, etc.
No
caminho de volta para casa, meu celular tocou. Era Geraldo, dizendo que havia
chegado há muito tempo. A igreja fica a um quarteirão do meu prédio.
Ele contou como foi o futebol.
-
O estádio é de primeiro mundo, mas as pessoas, não - falou.
Disse
que as cadeiras são fortes, praticamente impossíveis de se quebrar, mas os
torcedores se esforçavam para fazer isso. Não se sentavam: todos ficaram em pé
em cima das cadeiras e era quase impossível enxergar o campo. Ele olhou as
outras cadeiras onde os preços são mais altos e a platéia de nível melhor:
todos assistiram ao jogo sentados.
Para
piorar, houve empate: 0x0.
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