quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Amor livre e criminalidade

          Amor livre e criminalidade

 

Milton Nascimento, quando passou por uma fase difícil, gravemente enfermo, recebeu centenas de mensagens pedindo para não desistir, lutar pela vida. E ele concluiu ao ler as mensagens: - ...descobri que eu não me pertenço.

Ninguém tem o direito de dispor da vida de ninguém e nem da própria. Quando uma pessoa morre de forma violenta, o círculo familiar é abalado, o círculo social (igreja, escola, comércio) é afetado, o bairro, o estado, o país são afetados.  Uma pessoa não pode tirar a própria vida porque ela pertence aos pais, avós, cônjuge, cunhados, filhos, tios, sobrinhos, primos, irmãos, vizinhos, professores, colegas, sociedade e gerações futuras. Quando uma vida se vai, leva junto uma parte da vida de quem é parente ou convive nas imediações. A recuperação dos que ficam é lenta ou jamais acontece. Fica uma lacuna, um buraco a ser preenchido. Somos responsáveis uns pelos outros, por mais que tentemos negar isso ou que nos mantenhamos escondidos em um canto.

Um crime não abala apenas a família, abala a sociedade e o país. Suja o nome do Brasil, envergonha e enoja os brasileiros que levam uma vida digna e correta, dentro das leis. Uma prova disso é a maneira como o brasileiro é tratado (em geral) fora do país: Como um cidadão respeitável ou como um criminoso em potencial? O justo paga pelos pecadores, já dizia minha mãe. Por isso acontece a indignação diante dos últimos crimes anunciados na TV. O povo fica indignado porque algo lhe foi tirado: pais matando crianças indefesas, filha matando pais adormecidos, namorado tentando conseguir o amor da namorada através de agressões físicas e humilhações e prisão e tiros. Na geração passada os apaixonados usavam bilhetes amorosos, bombons e flores... eram mais espertos e inteligentes.

Há cinqüenta anos atrás, a moda era casar-se virgem. Havia uma exigência da sociedade para que o sexo fosse praticado apenas depois do casamento. A jovem que burlasse essa lei era considerada perdida. – Você sabe que a X. se perdeu? – É mesmo? Até a X? Quem diria, hem, com aquela cara de santa! Havia, claro, os boicotes. Quando o namoro ficava mais ardente, sexualmente as pessoas faziam tudo, menos aquilo, para conservar o selo da integridade. Ultrapassar aquela barreira era arriscado. Havia sempre um pai ou irmão para fazer a cobrança, mais tarde. O que eu tenho me perguntado muito, ultimamente é onde estão os pais e os irmãos dessas adolescentes que começam a namorar aos doze anos de idade... e o namoro hoje em dia não é mais pegar na mão, andar na pracinha, trocar um ou outro beijo no escuro do cinema.

Naquela época tudo era difícil e os rapazes da faculdade, cheios de desejos travados socialmente, criaram slogans do tipo: Virgindade dá câncer e faziam apologias do amor livre. Um namorado dizia: - O amor devia ser livre, como na Suécia. Lá todos podem fazer amor com quem quiserem, bastando evitar filhos. Se aqui no Brasil isso fosse permitido não haveria tantos estupros, crimes passionais, pedofilia, homossexualismo, etc.

Hoje em dia o amor é livre. Ninguém mais é preso por ter relações sexuais com uma menina de dezessete anos – ou de quinze ou de doze. Tudo ficou normal.

E os crimes acabaram? A sociedade se tornou mais humana? As aberrações sexuais foram abolidas? A família se tornou mais sólida?

 

 

 

 

 

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