Comprar faz mal

Comprar faz mal

 

No dia 4 de janeiro comprei uma mesa nas Casas Bahia e um balcão Itália (de passar roupa) no P. Frio. As Casas Bahia – que eu não gosto muito - fizeram a entrega no dia seguinte e a montagem uma semana depois. Conversei com Marília, perguntei se ela ia abrir a porta para o entregador, deixei Glenia aqui um dia, quando sai e Marilia me chamou, dizendo que não era preciso, que ela mesma ia abrir a porta para receber o produto. Sempre que eu precisava sair (tenho um compromisso todos os dias, à tarde, durante uma hora e meia, sem contar as horas em que preciso sair para compras domésticas), voltava a perguntar a Marilia se ela ia abrir a porta, se eu precisava chamar alguém para ficar aqui e ela confirmava o que havia dito antes (“conversando é que se entende”, não é mesmo?).

- Não precisa chamar ninguém, eu mesma atendo a porta.

Fiquei esperando a entrega do P. Frio até o dia 19, quinze dias após a compra, quando telefonei e me disseram que tentaram fazer a entrega no dia 17, mas que “não havia ninguém em casa”. Fiquei uma arara, mas mantive a compostura, afinal, a culpa não era deles, continuei no mesmo tom de voz e eles marcaram a entrega  para uma semana depois, dia 23. Nesse dia fiquei em casa direto, faltei aos meus compromissos, tomei banho com a porta meio aberta para escutar a campainha, já que os compromissos de Marília são flutuantes conforme as ordens de sua voz interior. Realmente me entregaram um pacote, às 18h 30min, com a recomendação de eu telefonar para o 0800 se a montagem não fosse feita em cinco dias. Não vieram e fiquei muito tempo tentando uma ligação para o telefone que me forneceram, até conseguir e marcaram a montagem para o dia 2 (ou 3) de fevereiro. Não vieram, voltei a ligar para o número solicitado e marcaram para o dia 6 ou 7, idem, marcaram para o dia 9 ou 10, ibidem. Nesses dias desfiz compromissos, não sai nem para comprar pão, ou paguei a Glenia para ficar aqui, sem contar que tenho uma dificuldade enorme de esperar. Acho que o inferno é um lugar gelado, cinza, sem cobertor nem agasalho e tem longas filas de espera.

            2ª feira, dia 12, resolvi ir à loja, conversar com o gerente. Ele ligou para a gerente da montadora: - Ela está perguntando se pode fazer a montagem “hoje”. Claro, sem dúvida! Acrescentou que, se não viessem até 14h, para eu voltar a telefonar para a gerente e me deu o número. Esperei, em casa até 16h, telefonei para a montadora e me garantiram que a montagem seria feita até às 19h. Fiquei pensando em quem eu chamaria para ficar aqui no horário de 17 às 18h 20 min. Não havia ninguém. Resolvi apelar para Vanda, que concordou.  Quando cheguei em casa recebi a notícia de que ninguém havia aparecido.

No dia seguinte, 13 de fevereiro, sai e fui ao PROCON, aqui, perto de casa. Um rapaz muito amável me atendeu, contei a ele a novela e ele me disse que não garantia nada, que o objetivo do PROCON era conciliar as partes, mas que se não quisessem cumprir, não havia como obrigar. Perguntou o que eu queria ( eu queria o fim da novela): - Quero a montagem do móvel, falei. – Eles disseram que isso faz parte da venda? – perguntou. –Sim, todos disseram isso, respondi. Ele pegou o número do telefone, ficou lá dentro algum tempo e voltou dizendo que não havia conseguido a ligação. Já tarimbada nos segredos do 0800, expliquei que se não estivesse ocupado, ele deveria apertar a tecla 1, que seria atendido mais rapidamente. Voltou, disse não ter conseguido a ligação e resolveu ligar para a gerente da montadora. – Ela disse que vão montar hoje, falou. E acrescentou: se não cumprirem, a senhora volta aqui, amanhã e faremos a notificação por escrito, para o P. Frio, que é o responsável.

            Fui para casa, cuidei das obrigações matinais, Marília saiu para o Hospital Dia e comecei a fazer limpeza dentro dos armários da cozinha, para manter a mente ocupada, quando o telefone tocou: - Aqui é o rapaz da montadora. Qual é a maneira mais fácil de chegar aí? – perguntou. Expliquei e, meia hora depois ele chegou!

E agora tenho um móvel novo para passar roupa, exatamente trinta e nove dias depois de uma compra com o pagamento à vista, com cartão do banco. Fica ai a recomendação: Comprar no P. Frio é fria e para montagem de móveis, chame o PROCON.